O livro é bom do início ao fim. Sabe aqueles livros que a gente não consegue largar, mas não quer que termine nunca? É bem assim.
O protagonista é um menino de rua que é muito inteligente e tem tiradas sensacionais (Tutu, ou Turnstile).
Selecionei alguns trechos para vocês, a título de aperitivo para quem ainda não leu. Negritei os meus trechos favoritos.
Fazendo um tour pelo navio:
"Aquela porta", disse ele, apontando para uma delas com o dedo nodoso. "Aquela é do senhor Fryer, o imediato."
"A porta é dele?", perguntei com toda inocência.
Conversando com um membro da equipe, da sua idade:
"Senhor Ellison, Tutu", apressou-se a corrigir, pois, embora se dignasse a conversar comigo pelo fato de ninguém mais lhe dirigir a palavra, Thomas também gostava de me lembrar o meu lugar, coisa, aliás, que acontecia tanto a bordo do navio quanto em terra. Quem tem confiança em si não precisa lembrar os outros do seu status social superior, mas os que não a têm acham necessário nos empurrar isso goela abaixo vinte vezes por dia.
Conversando com o capitão, sobre a missão do navio, que era carregar fruta-pão a fim de alimentar os escravos, Tutu chega a essa brilhante conclusão:
"E mantendo os homens na escravidão."
"Como assim?"
"Nossa missão é baratear a escravidão."
Ele me encarou e vacilou antes de responder. "Você diz que... Turnstile, eu não entendo. Você acha que nos não devíamos alimentar os homens."
"Não, sir", disse, sacudindo a cabeça. Ele não era do tipo capaz de acompanhar a minha linha de raciocínio; era instruído demais e de uma classe social elevada demais para respeitar os direitos do homem.
Sinopse:
Em abril de 1789, semanas após concluir no Taiti uma curiosa missão com fins botânicos - coletar mudas de fruta-pão para alimentar os escravos nas colônias inglesas -, o navio de guerra britânico HMS Bounty foi palco de uma revolta de parte da tripulação contra o capitão William Bligh, que acabou deixado à própria sorte em um bote em alto-mar junto com os marinheiros ainda fiéis a seu comando. Sem provisões e instrumentos de navegação adequados, o grupo enfrentou 48 dias de duras provações até alcançar a costa do Timor. O episódio inspirou numerosos livros e filmes.
Neste livro, a história da expedição é narrada do ponto de vista de John Jacob Turnstile, um garoto de Porstmouth, sul da Inglaterra, que sofre abusos de toda sorte, inclusive sexuais, no orfanato e pratica pequenos furtos nas ruas da cidade. Detido pela polícia após roubar um relógio, é salvo pela própria vítima do roubo quando esta lhe faz uma proposta: em vez de ficar encarcerado, embarcaria no HMS Bounty para passar pelo menos dezoito meses como criado particular do respeitado capitão Bligh. Turnstile aceita a barganha, planejando fugir na primeira oportunidade. Mas a rígida disciplina da vida no mar e uma relação cada vez mais leal com o capitão transformarão sua vida para sempre. É pela voz desse adolescente insolente e sagaz, mas ao mesmo tempo frágil e ingênuo, que o leitor acompanhará uma viagem repleta de intrigas, tempestades instransponíveis, cenários exóticos e lições de lealdade, paixão e sobrevivência.
O autor acrescenta novos dados e interpretações a uma história até hoje misteriosa. Sugere, por exemplo, que a receptividade sexual das nativas do Taiti pode estar na origem da insatisfação que resultou no motim. Seduzidos - ou, no caso de Turnstile, iniciados - por elas, os marujos teriam considerado intolerável a idéia de retornar para casa, o que os colocou em linha de colisão com o capitão.
Bom dia !
ResponderExcluirTem sorteio lá no blog hoje, dá uma passadinha lá!
Bjos, Lú.
Adoro anotar dicas de livros :) beijos.
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