Páginas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pequena Abelha



Li todo praticamente de uma vez só. Não vou contar a história, não vou dar uma dica, não vou sequer resenhar. Eu comecei a leitura na total ignorância, atraída pelo título, e sugiro que você embarque da mesma forma. 

Recomendo a leitura, principalmente se você acha que o que você tem é pouco. Ou se você está descontente com a vida. Como eu digo, sempre há pessoas em piores condições e tudo sempre pode ficar pior. O que vou fazer é compartilhar alguns trechos com vocês, que fui marcando durante a leitura:

Na minha aldeia, todo ano, quando as chuvas paravam, os homens iam à cidade e traziam um projetor e um gerador à diesel, depois amarravam uma corda entre duas árvores e assistíamos a um filme num lençol branco que eles penduravam na corda. O filme não tinha som, só se ouvia o barulho surdo do gerador e os guinchos das criaturas na selva. Foi assim que aprendemos sobre o seu mundo. O único filme que tínhamos se chamava Top Gun, e nós o vimos cinco vezes. Lembro a primeira vez que foi exibido, os meninos da aldeia estavam todos excitados achando que seria um filme sobre um revólver, mas o filme não era sobre um revólver. Era sobre um homem que tinha que viajar para todo lado muito depressa, às vezes numa motocicleta, às vezes num avião que ele próprio pilotava, e às vezes de cabeça para baixo. Nós, as crianças da minha aldeia, discutimos isso e concluímos duas coisas: primeiro, que o filme deveria se chamar mesmo era O Homem que Estava com Muita Pressa, e, segundo, que a moral do filme é que ele deveria se levantar mais cedo, para não ter de correr para fazer tudo caber no seu dia, e não ficar deitado na cama com a mulher de cabelo louro que chamávamos de “Mulher-que-Fica-na-Cama”. (P.. 73)

(...) perto da minha aldeia existia um rio largo e profundo com cavernas escuras sob as margens, onde os peixes eram descorados e cegos. Não havia luz nas cavernas deles, de modo que depois de milhares de gerações a espécie deles desaprendeu o truque de enxergar. (...) Sem luz, como se pode manter a visão? Sem um futuro, como conservar a visão do governo? Poderíamos tentar quanto quiséssemos em nosso mundo. Poderíamos ter um Ministro da Hora do Almoço muito diligente. Poderíamos ter um excelente Primeiro-Ministro da Parte Mais Calma do Final da Tarde. Mas quando chega o crepúsculo – está vendo? – nosso mundo desaparece. Não se pode enxergar além do dia porque vocês levaram o amanhã. E porque vocês têm o amanhã diante de seus olhos, não enxergam o que está sendo feito hoje (p. 187-188).

Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. Também temos hienas. Elas estão partindo os crânios dos homens lentos demais para fugir de seus próprios soldados. E os macacos? Os macacos estão lá longe, na extremidade da aldeia, brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola – a escola que não tem eletricidade. (p. 188)

Em nossa aldeia, na única Bíblia existente faltavam todas as páginas existentes depois do versículo 46 do capítulo 27 de Mateus, de modo que a conclusão de nossa religião, o máximo que qualquer um de nós sabia era: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
(p. 189) 


- Contemporizar, não é? Não é triste, a gente crescer? Começamos como o meu Charlie. Pensando que podemos matar todos os bandidos e salvar o mundo. Depois ficamos um pouco mais velhos, talvez da idade da Abelhinha, e percebemos que uma parcela da maldade do mundo está dentro de nós, que talvez sejamos parte dessa maldade. E então ficamos ainda mais velhos, e mais à vontade, e começamos a nos perguntar se aquela maldade que vimos em nós é realmente tão má assim, afinal. E começamos a falar em dez por cento. (p. 217)



Esse livro não quero trocar, quero dar de presente. Não, eu não desisto, quero fazer todo mundo ler, ainda que seja gibi! 

9 comentários:

  1. Vc já tem em mente quem será a sortuda???
    Isso mesmo Patty,não desista nunca!Vc está alcançando ótimos resultados com esse seu projeto leitura :),parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Patty, fiquei super curiosa para ler este livro e estes trechos que vc postou só fez dar mais vontade de ler e se vc for sortear ele me inclua no sorteio hein!

    Bjs; Nini

    ResponderExcluir
  3. Tai Patty! Quem sabe um sorteiozinho deste livro? Beijos

    ResponderExcluir
  4. patty, eu acho que vc não dorme! vc faz muita coisa, nao da pra fazer tudo isso e ainda dormir a noite rsrsrs

    ResponderExcluir
  5. Oi Patty!

    Que delícia!Muito bom!! Obrigada por compartilhar!
    Beijosss

    ResponderExcluir
  6. Oi Patty, amei os trechos, principalmente esse último, tem super a ver com o que eu ando pensando, sobre ser ou nã má! Um abraço.

    ResponderExcluir
  7. Fiquei curiosa...parece bem legal :)
    E nao vou precisar comprar maquina nao..lembra que achei uma ?
    o problema vai ser dividir os tecidos :)
    beijinhos querida e aproveite o fds!
    *Ü*

    ResponderExcluir
  8. Patty gostei da sua maneira de nos estimular a ler este livro.... realmente conseguiu fiquei curiosa. E não desita pois eu sou como vc também estou tentando convencer todos a lerem uma hora a gente consegue...
    Creio que quem ganhar este livro terá pela frente um ótimo divertimento.

    Abraços

    ResponderExcluir
  9. Concordo com esse ato de espalhar livros. Guardar pra que, se tantos podem aproveitar o que cada livro traz? Montei uma biblioteca em uma comunidade carente aqui em Curitiba e vejo que faz muita diferença para aquelas crianças!

    ResponderExcluir

Deixe um recado, opinião ou sugestão, suas palavras são muito bem-vindas! Volte sempre!

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

Posts mais recentes: