O Dom

Começo a ler e penso que é sobre uma menina muito inteligente que vai fazer algo muito importante. Enquanto leio o livro, penso que alguém vai explodir. Chega a um ponto em que não sei mais quem vai explodir: um deles ou eu. 
Os livros indianos que tenho lido que tenho lido tratam do choque cultural, ocidente x oriente, emoções humanas, mas esse aqui ultrapassou todos os outros. A menina em questão, Rumika, é criada em Cardiff, no País de Gales, e os pais são indianos. Ela é superdotada, tem facilidade com números e está sendo preparada pelo pai para ingressar na Universidade de Oxford aos 14 anos. Ao mesmo tempo em que o pai cuida da sua educação, Rumika não consegue conversar com a mãe sequer sobre compra de sutiãs. Qualquer pessoa ficará chocada com esse trecho do livro: quando Rumi diz para a mãe que precisa usar sutiã e a mãe reage chamando-a de vadia e desavergonhada.
Esse é o problema dos livros bem escritos: eles parecem reais. A vontade é de parar de ler e ligar para a família, ou ir até lá, e dizer que estão todos errados. Todos querem fazer a coisa certa, mas todos estão agindo errado. O pai, a mãe, Rumi. 
Um livro muito interessante. 
E para quem leu o livro, eu já respondo: não, eu não faria o que a Rumi fez. Nem em um milhão de anos. A escolha dela foi a pior possível. Mas como eu disse, alguém tinha que explodir.