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terça-feira, 12 de julho de 2011

A Distância entre Nós

Como diz na sinopse aí embaixo, eu não consegui parar de ler da primeira até a última página. Li durante a noite, de sexta para sábado. Esse livro é melhor do que o outro que li da mesma autora. Marquei diversas passagens para citar para vocês, para incentivar a leitura, então vamos lá!


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Elas estão sentadas na sala de jantar, tomando chá: Sera na caneca cinza-azulada que Dinaz comprou para ela na Cottage Industries, Bhima na caneca de aço inoxidável que fica separada para ela na casa dos Dubash. Como de hábito, Sera se senta à mesa enquanto Bhima fica de cócoras no chão, a seu lado.

(...) a simples idéia de Bhima sentada em suas poltronas a repugna. (p. 35 e 37).
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Seu silêncio enfureceu Bhima. Queria tirar sangue da neta; mais que isso, porém, queria arrancar lágrimas de Maya, como se as lágrimas fosse batizar a ambas, como se fossem purificá-las e lavá-las desse mal que se infiltrou feito um verme em suas vidas. (p. 47)

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Então é assim que se parte um coração”, pensou Bhirma. A sensação é assim tão fria, tão delicada e tão excepcional, como uma nota superaguda de um violino dos discos de música clássica que Serabai ouvia. Bhima queria abraçar Maya e matá-la, salvá-la e destruí-la, tudo num mesmo e explosivo momento. (p. 49)
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Bhima olha pela janela as ruas que passam correndo. “A cidade parece tão melhor vista através do vidro fumê de um carro com ar-condicionado”. (p. 99)

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(...) O doutor babu também era um homem instruído. E então por que deixou que Feroz seth falasse com ele daquela maneira? Será que só a instrução não era o que estava faltando? (...) Isso era uma coisa que também se aprendia na escola? (p. 225)
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- Mulher, você não percebe? Isso não importa. De um modo ou de outro teriam nos passado a perna. Eles são os donos do mundo, sabe? Têm as máquinas, o dinheiro, as fábricas e o estudo. Somos apenas as ferramentas que usam para conseguir todas essas coisas. Sabe como se usa um martelo para pregar um prego? Pois bem, eles me usaram como um martelo para conseguir o que queriam. É isso o que sou para eles, um martelo. E o que acontece com o martelo quando não serve mais? É jogado fora e substituído por um novo. Só a usaram para comprar um martelo novo. (p. 232-3, sobre um acidente do trabalho).

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(...) observou como o rosto das pessoas se voltava ligeiramente para o alto quando elas estavam olhando para o mar, como se estivessem tentando ver um sinal divino, ou ouvindo o som silencioso do universo. (...) Como se estivessem todos farejando o ar salgado para poderem transcender, buscando algo que lhes permitisse escapar das prisões familiares de seu próprio corpo. Nos templos e altares, as cabeças se curvavam e os rostos se tornavam pequenos, temerosos e respeitosos, reduzidos à insignificância pelo canto ritualizado dos sacerdotes. Mas quando as pessoas olhavam para o mar, levantavam a cabeça e seus rostos se tornavam curiosos e abertos, como se estivessem procurando por alguma coisa que os ligasse ao Sol e às estrelas, alguma coisa que sabiam que iria permanecer muito tempo depois que o vento tivesse apagado as suas pegadas na areia. A terra pode ser comprada, vendida, possuída, dividida, reivindicada, maltratada e transformada em campo de batalha. A terra sempre esteve manchada por poças de sangue. A terra inchou e cresceu sobre os incontáveis milhões de corpos nela enterrados. Mas o mar era intocado e eterno, e estava aparentemente além das pretensões humanas. Suas águas subiam e engoliam a rubra vergonha do sangue derramado. (p. 329)




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Sinopse - A Distância entre Nós - Thrity Umrigar
BOMBAIM, ÍNDIA. Duas mulheres. Duas vidas. Dois destinos que poderiam ser um só. Sera e Bhima estão indiscutivelmente ligadas, seja pelo silêncio ou pela cumplicidade. Mas ao mesmo tempo estão distantes, separadas por uma fronteira intransponível. Como se o fio que as une não fosse forte o suficiente para agüentar uma descarga elétrica, força que parece definir a sorte e a tragédia da patroa e da empregada. Duas vidas marcadas pela decepção, enganadas pela traição, sujeitas a uma sociedade cruel cuja voz berra e marca a fogo a existência dessas mulheres. A Distância Entre Nós é um romance avassalador, envolvente, intenso. Você não conseguirá parar de lê-lo, e não será o mesmo quando alcançar a última pagina. Acredite.



2 comentários:

  1. Ei querida,

    Adorei os trechos que vc citou. Este eu não tenho, já li da autora O tamanho do céu e é tãooo triste. Eu tenho tbm Um lugar para todos mas ainda não li.

    bjos
    Nanda

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  2. A Bhima parece sofredora, será?Ahh fiquei curiosa, preciso ler esse livro tbm.Beijoss

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